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A concentração de forças na luta contra a dengue é uma prioridade

O primeiro-ministro disse que «devem se unir todas as forças, recursos e prioridades para enfrentar a transmissão». Photo: Ismael Batista
 
Diante do risco de vida representado pela dengue, Cuba — especialista nesta enfermidade e em tantas outras que a obrigaram a enveredar por caminhos de aprendizado incessante — está agora engajada em uma nova batalha epidemiológica, e deve identificar as prioridades que lhe permitirão ter sucesso, apesar de qualquer adversidade ou falta de recursos.
 
Nesta linha de pensamento, o membro do Bureau Político e primeiro-ministro, Manuel Marrero, refletiu nesta terça-feira, 6 de setembro, do Palácio da Revolução, durante a reunião do Grupo de Trabalho Temporário para a prevenção e controle da Covid-19 e da dengue, que foi presidido pelo primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.
 
Em uma reunião que também contou, da Presidência, com o membro do Bureau Político e vice-presidente da República, Salvador Valdés Mesa, o chefe de Governo disse que, dada a complexidade de uma doença como a dengue, e ciente de dificuldades como a falta de combustível e outros recursos, é necessário fazer um esforço, não negligenciar tarefas da primeira ordem, como coleta de lixo, fumigação ou cumprir com as medidas que foram estabelecidas».
 
O primeiro-ministro enfatizou que «os principais perigos hoje estão concentrados na febre de dengue». E por esta razãoindicou que«todas as forças, recursos e prioridades devem ser unidas para enfrentar a transmissão».
 
Na reunião, e com relação à situação epidemiológica da dengue e do mosquito aedes aegypti em Cuba, o ministro da Saúde Pública, José Angel Portal Miranda, compartilhou dados obtidos até a 35asemana (encerramento em 3 de setembro), entre os quais destacou que 14 províncias, 41 municípios e 58 áreas de saúde haviam transmitido a doença.
 
Acrescentou que a taxa de incidência de casos suspeitos de dengue aumentou em relação à semana anterior, e que as áreas com taxas mais altas do que a taxa nacional, e portanto com maiores riscos, são — por ordem decrescente de números — as províncias de Santiago de Cuba, Havana, Guantánamo, o município especial de Isla de la Juventud, Camagüey, Las Tunas e Matanzas.
 
José Angel Portal Miranda disse que nove províncias viram um aumento na taxa de incidência de casos suspeitos em comparação com a semana anterior. São eles: Santiago de Cuba, Havana, Matanzas, Villa Clara, Camagüey, Mayabeque, Artemisa, Sancti Spíritus e Granma».
 
Por videoconferência, as autoridades de cada território informaram a liderança do país sobre o comportamento da epidemia da Covid-19, a situação eletroenergética e outras questões de relevância para a nação. O dia foi precedido pela reunião de especialistas e cientistas sobre questões de saúde, que foi presidida pelo presidente Díaz-Canel, o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz e pela vice-primeira inistra Inés María Chapman Waugh.
 
Raúl Guinovart Díaz, reitor da Faculdade de Matemática e Informática da Universidade de Havana, disse que o que se espera é que «o controle da Covid-19 seja mantido em todas as partes do país».
 
O especialista salientou que a situação na Ilha continua favorável, com base na eficácia dos protocolos de tratamento, e também na eficácia das vacinas. Advertiu, entretanto, que esta epidemia ainda não é uma situação resolvida em nível internacional, onde a região asiática, ou países como o Chile ou a Itália, mantêm estatísticas que não são favoráveis.
 
Nas reuniões da terça-feira, 6, a primeira a abordar a questão da dengue foi a doutora em Ciências María Guadalupe Guzmán Tirado, diretora do Centro de Pesquisa do Instituto Pedro Kourí de Medicina Tropical (IPK), que desenvolveu o tema aludindo aos resultados da pesquisa desta instituição científica para o enfrentamento da doença que Cuba conhece bem.
 
A especialista fez referência a certezas que marcaram décadas de trabalho, e falou das contribuições científicas que a Ilha fez ao mundo na luta contra a dengue, uma doença causada por quatro vírus, e que na maioria dos casos de infecção é assintomática.
 
Sobre esta doença, que é conhecida pela humanidade desde 265 a.C., adoutora em Ciências salientou que atualmente há uma estimativa de 2,5 bilhões de pessoas em risco de infecção. «Uma centena de países», disse, «relatam a transmissão da doença, e na região das Américas, no momento, os países com as maiores taxas de incidência de transmissão (de acordo com dados de 2022) são: Brasil, Peru, Colômbia, Nicarágua e México».
 
María Guadalupe Guzmán Tirado lembrou que a Ilha possui uma rede de laboratórios, «um sistema muito bom, muito sensível»; e que «a vigilância dos vírus que circulam é mantida», não só para a dengue, mas também para outras doenças transmitidas por mosquitos.
 
Usando gráficos, a especialista deu uma visão detalhada das epidemias de dengue que Cuba registrou e caracterizou — desde 1977, quando ocorreu a primeira, até 2022. Comentou que a situação se tornou mais complexa, porque no passado a causa era causada por um único vírus e era mais fácil prosseguir, mas mais tarde «tivemos surtos e epidemias com dois vírus, e mesmo agora há quatro serótipos circulando».
 
Falando das contribuições do país caribenho para a comunidade científica mundial, a doutora em Ciências mencionou uma que ainda é atual, que trata da hipótese integral sobre a febre hemorrágica da dengue, e por que uma pessoa a desenvolve ou não.
 
«Cuba contribuiu muito para os aspectos clínicos da dengue e desempenhou um papel fundamental na nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) da dengue, com e sem sinais de alerta, que tem como fim garantir que o paciente não sofra um agravamento».

Fonte: 

Periódico Granma

Data: 

07/09/2022